domingo, 30 de novembro de 2008

O século XVIII e a elevação da Figueira a Vila em 1771

O Século XVIII caracterizou-se pelo aparecimento de novas forças sociais, resultantes do acentuado desenvolvimento comercial e industrial na Europa Ocidental. Desse desenvolvimento, sobressaiu o aumento da Burguesia.
Assim, a primeira Revolução Industrial começou a dar os primeiros passos a partir dos meados deste século. Predominaram o sector têxtil e o crescimento demográfico a que assistiu, levou a uma situação de permanente revolução agrícula.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

A pesca no século XVIII

A principal actividade dos habitantes de Buarcos durante o século XVIII era a pesca, seu modo de vida quase exclusivo. Eram pessoas vindas de Ílhavo e que se fixaram nesta zona por volta de 1815.

O pescado recolhido no nosso mar, era diverso e abundante, destacando-se a pescada, o ruivo, a raia, o cação, a melga e, claro está a sardinha ainda hoje muito apreciada, fazendo as delícias de muitos veraneantes e também dos Figueirenses!

Parte deste peixe, depois de seco e salgado, era enviado para as povoações vizinhas durante o Inverno e também nas épocas em que havia menos peixe. A outra parte mais reduzida, era vendida em fresco especialmente para a Figueira e para Coimbra.

Eram as mulheres pertencentes à classe piscatória, que se dedicavam à seca do peixe, utilizando para isso depósitos como lagares e dornas de salga. Quem consumia este peixe, eram as vilas de Montemor, Soure e também para Coimbra. Era também transportado para a Beira através dos almocreves. Durante a segunda metade do século, era exportada grande quantidade de peixe para todo o país e estrangeiro. Em 1870, eram transportados pela linha do Sueste cerca de 600 toneladas anuais, destinadas ao Alentejo e Espanha.

Baseado em ”Figueira da Foz e Buarcos 1861-1910: Permanência e mudança em duas comunidades do Litoral”)

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

A actividade comercial no porto da Figueira e a construção naval no século XVII

O ano de 1600 marcou o início do Primeiro Livro de Assentos de baptismo na Figueira. Estimou-se uma população de 300 habitantes.
Após a Restauração em 1640, devido à abertura aos mercados estrangeiros e à permissão de livre circulação de mercadorias dentro do reino, a actividade comercial do porto da Figueira e dos demais portos do país intensificou-se significativamente, sobretudo quanto à pesca, sal e vinho.
Assim, na segunda metade do século XVII, o movimento médio anual de barcos no estuário do Mondego, fora já de 70, sendo em grande parte portugueses e espanhóis.
As indústrias de construção naval locais situadas junto às enseadas do Mondego, começaram a despontar, graças às condições naturais existentes.
Já no século XI, com a vinda de mestres Genoveses, se tinha iniciado na foz dos rios Minho e Douro, a construção de barcos de porte capaz de entrar em alto-mar.
No reinado de D. Dinis, a construção naval conheceu um desenvolvimento importante, com barcos a passarem as 100 toneladas.
No reinado de D. Fernando, no último quartel do século XIV, a construção naval e o comércio marítimo atingiram já grande significado em Portugal.

(Baseado em “ A Figueira da Foz e o Desenrolar da História” de Manuel Joaquim Moreira dos Santos)

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

O porto

Há 2500 anos, a configuração do litoral desta região era muito, mas muito diferente da actual. O rio Mondego desaguava num golfo que se prolongava por mais de 10 km para o interior.
É muito provável que os sedimentos transportados pelo rio Mondego, que, na maior parte, com o decorrer do tempo, tenham progressivamente colmatado o golfo aludido e feito avançar a linha da costa.
Constituindo um local abrigado, e propiciando o rio Mondego uma navegação fácil, não é de surpreender que este zona tenha sido, desde cedo, ocupada e utilizada como porto.
A história do porto da Figueira da Foz, é longa. Efectivamente, já em 1166, uma doação de D. Afonso Henriques ao mosteiro de Santa Cruz de Coimbra se referia, a determinado passo, à foz do Mondego”por onde entravam navios cuja portagem e mais direitos…”.
Já nesta altura, as actividades de pesca e comércio marítimo, tinham adquirido alguma importância, não só na parte montante do estuário, mas também na enseada de Buarcos.
Os documentos antigos, não referem a designação de Porto da Figueira. Só a partir do século XVI é que começou a ser citada a designação de “Figueira da Foz do Mondego”.
A pesca e o comércio marítimo, foram sempre uma constante na zona da foz do Mondego. Aumentou bastante nos finais do século XVII com o aparecimento dos estaleiros de construção naval, e com o desenvolvimento do comércio internacional e das actividades pesqueiras, nomeadamente a pesca do bacalhau.

(Baseado em Dias, Ferreira & Pereira, 1994 Ed. Electrónica 2005 w3ualg.pt/~jdias/JAD/ebooks)

O que observamos hoje, a grande extensão de praia na Figueira e a escassez de areia em Buarcos e Cabo Mondego, devem-se sobretudo, ao assoreamento do rio, para que este se tornasse mais navegável.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

sexta-feira, 25 de julho de 2008

O Clima na Figueira da Foz

Desde sempre que o clima da Figueira, foi um clima temperado. Segundo relatos, pode até dizer-se que é um clima mediterrâneo, no que respeita a temperaturas e à repartição da pluviosidade pelos meses do ano. Por outro lado, a acção reguladora do Atlântico, faz com que as temperaturas não sejam nem demasiado altas, nem demasiado baixas.
De notar que raramente neva na Figueira. No dia 28 de Novembro de 1890, os termómetros baixaram aos 1,5 gruas negativos, fazendo acontecer o raro fenómeno de cair neve sobre a Figueira. Também a 1 de Março de 1909, o mesmo fenómeno aconteceu, bem como a 29 de Janeiro de 2006, em que toda a Serra da Boa Viagem ficou coberta de um manto branco.
Celestino Maia defendeu a existência de um microclima da Figueira, definido por três elementos que por tríade climatológica – temperatura, humidade e insolação.
As correntes do Golfo que no Inverno correm de sul para norte levam a esta latitude a alta termalidade dos mares tropicais. Em contrapartida, no período estival, a região seria influenciada em simultâneo pelos dois ramos de Corrente que, circulando em sentidos opostos, ai se encontrariam, explicando a relativa temperatura dos verões.
Concluindo, o clima da Figueira é temperado mediterrâneo, influenciado directamente pelos ventos do quadrante NO., caracterizado pelas fracas amplitudes térmicas e marcado por excelentes condições no domínio da luminosidade.


(Baseado em: Figueira da Foz e Buarcos Permanência e mudança em duas comunidades do
litoral)
















Neve na Serra da Boa Viagem em 29 de Janeiro de 2006

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Convento de Santo António


Outra igreja igualmente importante é o Convento de Santo António, que é o mais antigo.
Fundado em 1527, por Frei António de Buarcos, com o apoio de D. João III e a célebre ajuda de António Fernandes de Quadros, Senhor de Tavarede, ali sepultado, sofreu já várias alterações e restauros. Na fachada de elegante linha Franciscana, encontra-se um nicho com um santo – Santo António.
Ao passar o portão de ferro, encontra-se um pequeno átrio acolhedor (Galilé) e, em frente, a porta principal do convento com aros de pedra lavrada em estilo plateresco – Orla. Na parede esquerda, existem dois painéis de azulejos do século XX, alusivos ao Santo e à Figueira da Foz e ainda o brasão da Misericórdia. Na parede oposta, há um armário conventual do século XVIIIe uma porta de acesso ao coro.
Três retábulos seiscentistas, quadros com imagens, provenientes do Convento de Seiça, fazem parte do interior da Igreja. A revestir as paredes, podemos observar valiosos azulejos do século XVII.
O Convento de Santo António, tem também a ladeá-lo duas capelas. A Capela do Senhor da Vida, de estilo renascentista, fundada no século XVII, feita em pedra de Ançã, com um arco ordenado apoiado em capitéis coríntios e a abóbada é painelada. Nesta, encontra-se a imagem do Senhor da Vida. A Capela de S. Francisco foi executada em princípios do século XIX pela Ordem Terceira, sendo estilo Neoclássico/Barroco com azulejos do século XVIII/XIX. O retábulo principal apresenta pinturas com o tema da estigmatização de S. Francisco, destacando-se ainda os varandins, para que os nobres pudessem assistir às missas.
No coro alto, há a destacar um cadeiral simples, onde, nas suas costas, se podem admirar treze tábuas pintadas do século XVIII, relatando a vida de Santo António.
Como curiosidade, ainda neste local, há uma imagem de Nossa Senhora da Conceição.
A sacristia é recente. Foi reconstruída em 1984 e é ocupada por um belo arcaz conventual do século XVII, onde se encontra um crucifixo da mesma época e duas imagens de pedra de S. Estêvão e S. Benedito. Nos armários laterais, são guardados os paramentos litúrgicos e vestes sacerdotais.


(Baseado em http://www.figueira.com/sao-juliao/sjmonumentos_de_s.htm)

quarta-feira, 23 de julho de 2008

A Igreja de S. Julião



A Igreja de S. Julião está ligada à origem da Figueira.
Durante alguns anos o lugar foi chamado de S. Julião da Foz do Mondego.
Segundo informações do Reverendo Belchior dos Reis em 1721, afirma que:
“A igreja está num grande terreiro, que serve de adro ou cemitério, junto à foz do Mondego, num local donde se vêem o mar e a navegação, não só aprazível à vista dando recreação aos olhos, mas também deleitável para a vivenda humana”.
Também há referências de que a igreja fora Abadia no seu início e que no tempo dos sarracenos – por altura do ano 800 – foi destruída.
Pinho Leal, referindo-se às calamidades que a Figueira sofreu, diz “que os Árabes a arrasaram completamente, não deixando pedra sobre pedra, em 717”.
Foi o Abade Pedro, vindo de regiões muçulmanas para a propaganda do catolicismo, recebeu das mãos do Conde de Sisnando, de Coimbra, terras para povoar e edificar igrejas, quem restaurou a de S. Julião, com “casas necessárias e boa torre” e a doou à Sé Velha de Coimbra em 1096, conforme consta do seu testamento, existente no Livro Preto daquela Sé.
O Elucidário de Viterbo, refere-se a esta doação e o Dr. Augusto Mendes Simões de Castro elucida-nos também que no “Discurso a favor do Cabido”, existem os seguintes documentos relativos à igreja de S. Julião:
· O treslado do instrumento da posse que tomou em nome do Cabido, o chantre D. André Annes, da Igreja de S. Julião da Figueira da Foz (ano de 1335).
· O instrumento pelo qual se contentou João Joannes, vigário da Igreja de S. Julião da Figueira da Foz do Mondego, com os réditos e proventos que tinha o seu antecessor (ano de 1348).
· A sentença proferida por João Rodrigues, vigário geral do Bispo D. Vasco, em como a igreja da Figueira é do Cabido (ano de 1371).
O vigário Joannes seria então descendente de Domingos Joannes, um dos fundadores da Figueira?

A igreja de S. Julião, foi matriz de toda a região até Buarcos, deixando esta vila deixar de estar sob jurisdição de S. Julião, quando edificou a sua igreja denominada S. Pedro no último ano do século XV.
Com o andar dos tempos, voltou a igreja a degradar-se, iniciando-se em 1716, trabalhos de reedificação. Deste modo, passou a chamar-se Igreja Nova.
Em 1778, as obras ainda estavam por concluir por falta de verba. A única possibilidade de a obter, era recorrer ao “real de água”, que foi concedido sobre cada alqueire de sal saído em embarcações pelo Mondego ou barra, durante doze anos.
A igreja do Abade Pedro, só possuía uma torre – a do lado oriental.
Entre 1877 1896, foram feitas novas obras e com várias modificações, desaparecendo lamentavelmente, todos os vestígios da arquitectura antiga.
O exterior, feito com pedra de Ançã, encontra-se ainda hoje, em bom estado de conservação.
Hoje, não existe só a torre oriental, mas duas torres contendo cada uma um relógio. Um com numeração romana, outro com numeração cardinal.
No seu interior, salientam-se na nave três retábulos de madeira, característicos do século XVIII.



(Baseado em: “Aspectos da Figueira da foz de Maurício Pinto e Raimundo Esteves, 1945 e http://www.figueira.com/sao-juliao/sjmonumentos_de_s.htm)

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Origens do povoado

O Dr. Santos Rocha, notável arqueólogo, demonstrou que já na Idade da Pedra, o local onde hoje é a Figueira da Foz, tinha sido povoado.
Provas disso, foram as lascas de quartzo facetadas de várias maneiras, machados de pedra de diversos formatos, que podem ser admirados no Museu Municipal que tem o nome deste investigador.
Pouco se sabe das idades do bronze e do ferro até ao século XVI. Mas do período romano, apareceram ao Dr. Santos Rocha, fragmentos de tijolo, muitas moedas em Maiorca, na Serra, próximo de Brenha e no Cabo Mondego.
Nos vales de Tavarede e Salmanha, do Louriçal e Fôja, e até nos píncaros da Serra da Boa Viagem, foram encontrados fósseis de peixes e imensas conchas.
Houve, como se pode observar pelo descrito, uma tremenda convulsão geológica na nossa terra.
A origem histórica da Figueira, deve constar de 1237, data do valioso documento encontrado pelo Dr. José Jardim. Este documento, é uma doação feita pelo Cabido da Sé de Coimbra a Domingues Joannes, por alcunha Joannes Gago, a Martim Miguéis e a Martim Gonçalvez, povoadores de S. Julião.
Eram agricultores humildes que receberam estas terras da Figueira confinantes com a Tamargueira e também pelo Paul com as águas que aí afluíam.
Estes primeiros figueirenses, encontraram naquelas terras, toda a sorte de regalos e mimos. Água límpida, sombras macias de fofo arvoredo, frutas apaladadas – especialmente figos de rico sabor, farto peixe de mar e de rio, algumas terras de fácil amanho e cultivo, ar lavado, luz esplendorosa e clima de maravilhar.
Além de todos estes benefícios, tinham a Igreja onde, à sua volta, foram crescendo cabanas e casas.
Quanto à versão que corre acerca do nome da Figueira da Foz, deve ter sido uma enorme figueira (ficaria) que lhe deu o nome. Essa árvore estaria situada entre a Praça Nova e o Largo do Paço. Homens das serras, desciam o rio nas suas barcas características, cheias de lenha e pinho, servindo também para a condução de famílias de Coimbra, que vinham veranear para a Figueira.
Atracariam ao cais facilmente acostável, onde existia a tal figueira e diziam que vinham à Figueira da Foz (do Mondego), chamando assim ao local onde atracavam.
Daí, o nome do povoado.

(Baseado em: “Aspectos da Figueira da foz de Maurício Pinto e Raimundo Esteves, 1945)

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Breves palavras...

O Aqui, Praia da Claridade, foi reformulado.
Deixou de ser um Blogue virado para os aspectos actuais da Figueira, suas críticas desfavoráveis e construtivas da nossa Terra, para passar a ter um cunho mais literário, histórico e filatélico.
Espero que venham a gostar das postagens participem nelas com os vossos comentários, para fazermos a História da Figueira da Foz!