sexta-feira, 9 de abril de 2010

Sardinha figueirense

Escrevia hoje o "Diário de Coimbra"

Escrito por José Santos
Figueira da Foz

Sardinha figueirense
é a única certificada
no mundo inteiro

O Secretário de Estado das Pescas e Agricultura, Luís Vieira, disse ontem na Figueira da Foz que «a pesca é mais abrangente e que se deve apostar na sua qualidade» dando a pesca da sardinha na Figueira da Foz «como um bom exemplo» e que no mundo «é a única que está certificada», havendo só «100 pescarias certificadas», mas nenhuma de sardinha.
Luís Vieira esteve na Figueira da foz a participar na cerimónia de apresentação da Certificação de Qualidade atribuída à Sardinha Portuguesa capturada na Figueira da Foz, que decorreu no Salão Nobre dos Paços do Concelho.
Recorde-se que o processo de certificação da sardinha portuguesa foi iniciado há dois anos numa iniciativa da ANOPCERCO (Associação Nacional das Organizações de Produtores da Pesca do Cerco), em colaboração com a ANICP/QUALIMAR (Associação Nacional da Indústria Conserveira do Peixe) e a MCM Select Foods (distribuidor inglês de produtos alimentares), sob a coordenação científica do INRB/ IPIMAR (Laboratório de Investigação das Pescas e do Mar) e com o apoio institucional da DGPA (Direcção Geral de Pescas e Aquicultura).
Esta certificação foi atribuída por uma organização internacional sem fins lucrativos, a MSC – Marine Stewardship Council, e veio reconhecer Portugal como o único país do mundo que comercializa a sardinha com certificado de sustentabilidade.
No caso específico da Figueira da Foz, o processo de certificação foi liderado pela Cooperativa de Produtores de Peixe do Centro Litoral, a qual obteve a certificação de todas as suas embarcações e o reconhecimento da superior qualidade da sardinha desde a sua captura até ao consumo.
A cerimónia foi presidida pelo secretário de Estado das Pescas e Agricultura, Luís Vieira, acompanhado pelo director-geral das Pescas e Aquicultura, José Apolinário, o director regional da Agricultura e Pescas do Centro, Rui Salgueiro Moreira, o capitão do Porto da Figueira da Foz, capitão-de-fragata Malaquias Domingues e o representante da Cooperativa de Produtores de Peixe do Centro Litoral, António Miguel Lé, entre outros convidados.
Luís Vieira disse aos presentes que esta certificação garante já ao país, a partir de Agosto, «uma exportação semanal de dois contentores de sardinha». Isto porque, «as cadeias procuram cada vez mais produtos certificados» e isso é uma vantagem nesta valorização de produtos com retorno. Por outro lado, informou que 40% das nossas capturas são de sardinha e 14 mil toneladas vão para as conserveiras exportar num total de 60 milhões de euros.
Aquele membro do Governo falou ainda da valorização desta zona costeira, onde vão ser investidos 5 milhões de euros na Docapesca, que vão melhorar as condições de trabalho, mas também criar novas tecnologias desde compras electrónicas a certificado de vendas. Também a segurança dos pescadores é «uma preocupação do Governo» que tem melhorado as condições sempre que os pescadores não podem ir ao mar, mas a partir do próximo Inverno «passa a ser obrigatório o uso do colete nos pescadores».
O secretário de Estado das Pescas tentou ainda incentivar a aquacultura, que já representa 50% da oferta de peixe no mundo, que «é hoje uma fonte de rendimento» e a «Figueira da Foz tem excelentes condições para essa prática».
Entretanto, António Miguel Lé entregou a João Ataíde o diploma que certifica a sardinha figueirense, salientando que este acto «é o sentido de engrandecimento da pesca na Figueira da Foz e que é um projecto de crescimento sustentado em tudo».
O presidente da autarquia, João Ataíde, congratulou-se com a distinção e com a entrega do certificado ao Município, salientando «que é um acto de justiça ver a atribuição da Certificação de Qualidade à sardinha figueirense, sendo um reconhecimento à qualidade desta espécie», felicitando António Miguel Lé pela certificação e pela nobreza do acto.

domingo, 30 de novembro de 2008

O século XVIII e a elevação da Figueira a Vila em 1771

O Século XVIII caracterizou-se pelo aparecimento de novas forças sociais, resultantes do acentuado desenvolvimento comercial e industrial na Europa Ocidental. Desse desenvolvimento, sobressaiu o aumento da Burguesia.
Assim, a primeira Revolução Industrial começou a dar os primeiros passos a partir dos meados deste século. Predominaram o sector têxtil e o crescimento demográfico a que assistiu, levou a uma situação de permanente revolução agrícula.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

A pesca no século XVIII

A principal actividade dos habitantes de Buarcos durante o século XVIII era a pesca, seu modo de vida quase exclusivo. Eram pessoas vindas de Ílhavo e que se fixaram nesta zona por volta de 1815.

O pescado recolhido no nosso mar, era diverso e abundante, destacando-se a pescada, o ruivo, a raia, o cação, a melga e, claro está a sardinha ainda hoje muito apreciada, fazendo as delícias de muitos veraneantes e também dos Figueirenses!

Parte deste peixe, depois de seco e salgado, era enviado para as povoações vizinhas durante o Inverno e também nas épocas em que havia menos peixe. A outra parte mais reduzida, era vendida em fresco especialmente para a Figueira e para Coimbra.

Eram as mulheres pertencentes à classe piscatória, que se dedicavam à seca do peixe, utilizando para isso depósitos como lagares e dornas de salga. Quem consumia este peixe, eram as vilas de Montemor, Soure e também para Coimbra. Era também transportado para a Beira através dos almocreves. Durante a segunda metade do século, era exportada grande quantidade de peixe para todo o país e estrangeiro. Em 1870, eram transportados pela linha do Sueste cerca de 600 toneladas anuais, destinadas ao Alentejo e Espanha.

Baseado em ”Figueira da Foz e Buarcos 1861-1910: Permanência e mudança em duas comunidades do Litoral”)

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

A actividade comercial no porto da Figueira e a construção naval no século XVII

O ano de 1600 marcou o início do Primeiro Livro de Assentos de baptismo na Figueira. Estimou-se uma população de 300 habitantes.
Após a Restauração em 1640, devido à abertura aos mercados estrangeiros e à permissão de livre circulação de mercadorias dentro do reino, a actividade comercial do porto da Figueira e dos demais portos do país intensificou-se significativamente, sobretudo quanto à pesca, sal e vinho.
Assim, na segunda metade do século XVII, o movimento médio anual de barcos no estuário do Mondego, fora já de 70, sendo em grande parte portugueses e espanhóis.
As indústrias de construção naval locais situadas junto às enseadas do Mondego, começaram a despontar, graças às condições naturais existentes.
Já no século XI, com a vinda de mestres Genoveses, se tinha iniciado na foz dos rios Minho e Douro, a construção de barcos de porte capaz de entrar em alto-mar.
No reinado de D. Dinis, a construção naval conheceu um desenvolvimento importante, com barcos a passarem as 100 toneladas.
No reinado de D. Fernando, no último quartel do século XIV, a construção naval e o comércio marítimo atingiram já grande significado em Portugal.

(Baseado em “ A Figueira da Foz e o Desenrolar da História” de Manuel Joaquim Moreira dos Santos)

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

O porto

Há 2500 anos, a configuração do litoral desta região era muito, mas muito diferente da actual. O rio Mondego desaguava num golfo que se prolongava por mais de 10 km para o interior.
É muito provável que os sedimentos transportados pelo rio Mondego, que, na maior parte, com o decorrer do tempo, tenham progressivamente colmatado o golfo aludido e feito avançar a linha da costa.
Constituindo um local abrigado, e propiciando o rio Mondego uma navegação fácil, não é de surpreender que este zona tenha sido, desde cedo, ocupada e utilizada como porto.
A história do porto da Figueira da Foz, é longa. Efectivamente, já em 1166, uma doação de D. Afonso Henriques ao mosteiro de Santa Cruz de Coimbra se referia, a determinado passo, à foz do Mondego”por onde entravam navios cuja portagem e mais direitos…”.
Já nesta altura, as actividades de pesca e comércio marítimo, tinham adquirido alguma importância, não só na parte montante do estuário, mas também na enseada de Buarcos.
Os documentos antigos, não referem a designação de Porto da Figueira. Só a partir do século XVI é que começou a ser citada a designação de “Figueira da Foz do Mondego”.
A pesca e o comércio marítimo, foram sempre uma constante na zona da foz do Mondego. Aumentou bastante nos finais do século XVII com o aparecimento dos estaleiros de construção naval, e com o desenvolvimento do comércio internacional e das actividades pesqueiras, nomeadamente a pesca do bacalhau.

(Baseado em Dias, Ferreira & Pereira, 1994 Ed. Electrónica 2005 w3ualg.pt/~jdias/JAD/ebooks)

O que observamos hoje, a grande extensão de praia na Figueira e a escassez de areia em Buarcos e Cabo Mondego, devem-se sobretudo, ao assoreamento do rio, para que este se tornasse mais navegável.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

sexta-feira, 25 de julho de 2008

O Clima na Figueira da Foz

Desde sempre que o clima da Figueira, foi um clima temperado. Segundo relatos, pode até dizer-se que é um clima mediterrâneo, no que respeita a temperaturas e à repartição da pluviosidade pelos meses do ano. Por outro lado, a acção reguladora do Atlântico, faz com que as temperaturas não sejam nem demasiado altas, nem demasiado baixas.
De notar que raramente neva na Figueira. No dia 28 de Novembro de 1890, os termómetros baixaram aos 1,5 gruas negativos, fazendo acontecer o raro fenómeno de cair neve sobre a Figueira. Também a 1 de Março de 1909, o mesmo fenómeno aconteceu, bem como a 29 de Janeiro de 2006, em que toda a Serra da Boa Viagem ficou coberta de um manto branco.
Celestino Maia defendeu a existência de um microclima da Figueira, definido por três elementos que por tríade climatológica – temperatura, humidade e insolação.
As correntes do Golfo que no Inverno correm de sul para norte levam a esta latitude a alta termalidade dos mares tropicais. Em contrapartida, no período estival, a região seria influenciada em simultâneo pelos dois ramos de Corrente que, circulando em sentidos opostos, ai se encontrariam, explicando a relativa temperatura dos verões.
Concluindo, o clima da Figueira é temperado mediterrâneo, influenciado directamente pelos ventos do quadrante NO., caracterizado pelas fracas amplitudes térmicas e marcado por excelentes condições no domínio da luminosidade.


(Baseado em: Figueira da Foz e Buarcos Permanência e mudança em duas comunidades do
litoral)
















Neve na Serra da Boa Viagem em 29 de Janeiro de 2006