quarta-feira, 23 de julho de 2008

A Igreja de S. Julião



A Igreja de S. Julião está ligada à origem da Figueira.
Durante alguns anos o lugar foi chamado de S. Julião da Foz do Mondego.
Segundo informações do Reverendo Belchior dos Reis em 1721, afirma que:
“A igreja está num grande terreiro, que serve de adro ou cemitério, junto à foz do Mondego, num local donde se vêem o mar e a navegação, não só aprazível à vista dando recreação aos olhos, mas também deleitável para a vivenda humana”.
Também há referências de que a igreja fora Abadia no seu início e que no tempo dos sarracenos – por altura do ano 800 – foi destruída.
Pinho Leal, referindo-se às calamidades que a Figueira sofreu, diz “que os Árabes a arrasaram completamente, não deixando pedra sobre pedra, em 717”.
Foi o Abade Pedro, vindo de regiões muçulmanas para a propaganda do catolicismo, recebeu das mãos do Conde de Sisnando, de Coimbra, terras para povoar e edificar igrejas, quem restaurou a de S. Julião, com “casas necessárias e boa torre” e a doou à Sé Velha de Coimbra em 1096, conforme consta do seu testamento, existente no Livro Preto daquela Sé.
O Elucidário de Viterbo, refere-se a esta doação e o Dr. Augusto Mendes Simões de Castro elucida-nos também que no “Discurso a favor do Cabido”, existem os seguintes documentos relativos à igreja de S. Julião:
· O treslado do instrumento da posse que tomou em nome do Cabido, o chantre D. André Annes, da Igreja de S. Julião da Figueira da Foz (ano de 1335).
· O instrumento pelo qual se contentou João Joannes, vigário da Igreja de S. Julião da Figueira da Foz do Mondego, com os réditos e proventos que tinha o seu antecessor (ano de 1348).
· A sentença proferida por João Rodrigues, vigário geral do Bispo D. Vasco, em como a igreja da Figueira é do Cabido (ano de 1371).
O vigário Joannes seria então descendente de Domingos Joannes, um dos fundadores da Figueira?

A igreja de S. Julião, foi matriz de toda a região até Buarcos, deixando esta vila deixar de estar sob jurisdição de S. Julião, quando edificou a sua igreja denominada S. Pedro no último ano do século XV.
Com o andar dos tempos, voltou a igreja a degradar-se, iniciando-se em 1716, trabalhos de reedificação. Deste modo, passou a chamar-se Igreja Nova.
Em 1778, as obras ainda estavam por concluir por falta de verba. A única possibilidade de a obter, era recorrer ao “real de água”, que foi concedido sobre cada alqueire de sal saído em embarcações pelo Mondego ou barra, durante doze anos.
A igreja do Abade Pedro, só possuía uma torre – a do lado oriental.
Entre 1877 1896, foram feitas novas obras e com várias modificações, desaparecendo lamentavelmente, todos os vestígios da arquitectura antiga.
O exterior, feito com pedra de Ançã, encontra-se ainda hoje, em bom estado de conservação.
Hoje, não existe só a torre oriental, mas duas torres contendo cada uma um relógio. Um com numeração romana, outro com numeração cardinal.
No seu interior, salientam-se na nave três retábulos de madeira, característicos do século XVIII.



(Baseado em: “Aspectos da Figueira da foz de Maurício Pinto e Raimundo Esteves, 1945 e http://www.figueira.com/sao-juliao/sjmonumentos_de_s.htm)

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